domingo, 10 de abril de 2011

História da Educação a Distância no Brasil

Muitos, talvez, possam pensar que o ensino a distância é uma novidade. Pois não é bem assim. O que é novo é o uso de novas tecnologias como os recursos interativos da internet, o que chamamos de novas Tecnologias de Informação e Comunicação. Os cursos à distância existem desde o momento em que começaram a ser veiculados pelos correios, ou seja, por correspondência.

Diversos historiadores, ao trabalharem com alguns jornais do final do século XIX e inícios do século XX, se depararam com anúncios com ofertas de cursos profissionalizantes à distância. Em seu artigo A História da EAD no Brasil, João Roberto Moreira Alves nos informa sobre alguns estudos que demonstram a existência dessa oferta. Ao tentar fazer, de uma forma bem sucinta, ligeira, um percurso panorâmico do ensino a distância no Brasil no decorrer do século XX, ele relata, por exemplo, estudos do IPEA em periódicos como o Jornal do Brasil do final do século XIX e início do século XX, que mostram a oferta de cursos profissionalizantes por correspondência. Eram geralmente cursos de datilografia oferecidos por professoras particulares. Também nos informa que em 1904 houve a instalação de uma instituição chamada “Escolas Internacionais”. A unidade de ensino era, segundo o autor, uma filial norte-americana que oferecia cursos por correspondência voltados para a área de comércio e negócios.

O ensino a distância alcançou novo patamar com o surgimento de uma nova tecnologia, a radiodifusão, inaugurada no Brasil em 1922. Com o tempo, ela tornou-se o meio de comunicação que a maioria da população tinha acesso como ouvinte. Com a redução dos custos do receptor de rádio, passou a exercer grande influência na vida diária das pessoas, tanto em zonas urbanas quanto rurais. O professor Edgard Roquette- Pinto lançou, em 1923, a primeira estação de rádio no Brasil, a Sociedade Rádio do Rio de Janeiro. Essa rádio passou a veicular, em sua grade de programação, vários programas de educação popular que tiveram muito êxito. Os governos à época estavam atentos e preocupados, visto que temiam a difusão de programas de contestação na atmosfera revolucionária do final dos anos 1920 e inícios dos anos 1930. A partir da Revolução de 1930, o governo de Getúlio Vargas criou várias exigências de difícil cumprimento. A rádio acabou sendo incorporada ao Ministério da Educação e Saúde em 1936.

Em 1932, Getúlio Vargas autorizou, através de decreto através de decreto, a comercialização de espaços publicitários pelas emissoras e passou a utilizar o rádio para veicular suas realizações e ideias. Com a receita da publicidade, as emissoras investiram em equipamentos e nos funcionários. A consequência foi a popularização da programação, o que possibilitou ao rádio viver sua época de ouro, entre os anos 1930 e 1940. A radiodifusão passou a ser uma grande influência em todas as áreas, tendo poder decisivo nos campos econômico, político, social, religioso, cultural e educativo. Os mecanismos de controle e censura no período também foram muito ativos. Em 1937, foi criado o Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação e vários programas foram implantados como, por exemplo, a Escola Rádio Postal.

A partir do fim do Estado Novo (ditadura de Getúlio Vargas que durou de 1937 a 1945), diversas iniciativas ocorreram no campo do ensino a distância. A abertura do SENAC em 1946 foi muito importante. Uma de suas mais relevantes realizações foi a criação da Universidade do Ar que, em 1950, já atingia 318 localidades.

Isto não quer dizer que a oferta de cursos por correspondência tenha sofrido diminuição. Pelo contrário. Uma experiência de grande sucesso foram os cursos por correspondência do Instituto Universal Brasileiro (IUB), criado em 1939 em São Paulo. Os anúncios encartados em jornais e revistas ofereciam cursos por correspondência em diversas áreas como corte e costura, fotografia, mecânica, eletrônica, contabilidade, etc., ou seja, a tecnologia veio contribuir com novas formas de oferta de ensino a distância, numa perspectiva somativa e não substitutiva.

No início dos anos 1960, por exemplo, com a popularização do rádio de pilha, o Movimento de Educação de Base (MEB), ligado à Igreja Católica, com o apoio do governo federal, desenvolveu um programa de alfabetização de adultos através do Rádio Educativo.

Vivemos agora um momento importante, com a expansão dos computadores pessoais e a comunicação via internet. O ensino a distância está se consolidando atualmente graças a essa tecnologia usada por nós no presente curso. As tecnologias digitais, a educação on-line, estimulam, hoje, a interatividade. Há diversas ferramentas disponíveis para isso: o e-mail, os fóruns de discussão, os chats (ambientes de conversa on-line), amplamente explorados em softwares de educação como o Moodle, e as videoconferências. O desafio agora, no Brasil, é fazer a inclusão digital de todos os brasileiros. Isso só será possível com o barateamento dos custos de transmissão para fins sociais, com a democratização do acesso via banda larga.


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